terça-feira, 23 de março de 2010

A Família do esquizofrénico

O paciente esquizofrénico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao paciente. Da mesma forma que o paciente esquizofrénico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e incompreensão sociais. Num país pobre como o Brasil, a assistência à família do esquizofrénico tem que ser um programa governamental indispensável, para que se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos pacientes esquizofrénicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um irmão.A título de reumanização do tratamento dos esquizofrénicos, pretende-se fechar os hospitais psiquiátricos alocando-os para outros serviços que não incluem atendimento às necessidades dos parentes dos esquizofrénicos. Como está, esse projecto não apenas piorará a situação do paciente, como também de sua família. Os problemas que geralmente ocorrem na família dos esquizofrénicos são os seguintes:

· Pesar... "Sentimos como se tivéssemos perdido nosso filho"
· Ansiedade... "Temos medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
· Medo... "Ele poderá fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
· Vergonha e culpa... "Somos culpados disso? O que os outros pensarão?"
· Sentimento de isolamento... "Ninguém nos compreende"
· Amargura... "Por que isso aconteceu connosco?"
· Depressão... "Não consigo falar nisso sem chorar?"
· Negação da doença... "Isso não pode acontecer na nossa família"
· Negação da gravidade... "Isso daqui a pouco passa"
· Culpa recíproca... "Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
· Incapacidade de pensar ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
· Problemas conjugais... "Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me morta por dentro"
· Separação... "Não aguento mais minha mulher"
· Preocupação em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhore"
· Cansaço... "Envelheci duas vezes nos últimos anos"
· Esgotamento... "Sinto-me exausto, incapaz de fazer mais nada"
· Preocupação com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos presentes, o que será dele?"
· Uso excessivo de tranquilizantes ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
· Isolamento social... "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
·Constante busca de explicações... "Será que isso aconteceu por algo que fizemos para ele?"
·Individualização... "Não temos mais vida familiar"
·Ambivalência... "Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se fosse..."

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